Parando um pouco o desafio dos 1001 jogos (projeto à parte do blog), estou postando uma resenha que fiz para o curso de Arquitetura da Informação que faço, e decidi analisar o filme "Matrix", de 1999, produzidos pelos irmãos Wachowski, fazendo uma analogia com os movimentos sociais online de hoje em dia e a questão da informação ser real ou não. Espero que curtam!
Resenha:
É
praticamente impossível fazer um levantamento dos filmes que abordam questões
existenciais e filosóficas e não mencionar “Matrix”. O filme, dirigido pelos
irmãos Wachowski, foi lançado em 1999 e rapidamente se tornou um fênomeno
cultural entre os amantes do cinema “cyberpunk”, genêro que até então andava
bastante escasso dentro da indústria cinematográfica. Mas qual o motivo do
filme ter feito tanto sucesso e quais as questões abordadas em seu enredo?
Podemos destacar várias, como filosofia oriental, questões inerentes ao “eu”, interação
entre homem/máquina, e obviamente a questão que este texto visa analisar, que é
a representação e também manipulação da informação, tudo isso adicionado a
doses de kung fu e cenas de ação alucinantes.
Primeiramente
é necessário destacar que na época de seu lançamento, a própria sociedade
caminhava para o “mundo online”, que embora já existisse, em alguns lugares
ainda começava a caminhar em passos curtos. O que o filme mostra é praticamente
o contexto social em que nos encontramos nos dias atuais: uma sociedade
conectada praticamente 24 horas por dia, 7 dias por semana, mas ao invés de
estarmos “plugados” pelo cérebro, estamos conectados através de dispositivos
móveis como smarphones e tablets, consequentemente sendo bombardeada
pelos mais diversos tipos de informação, muitas vezes a “digerindo” sem sequer
verificar sua veracidade, se é que isso é possível.
A
principal analogia que esse texto pretende apresentar entre o filme e a questão
da informação é a pergunta: “o que é real?”. O que podemos considerar real ou
não? Quais informações são confiáveis, quais são apenas produtos criados por
diversos veículos de comunicação para criar uma confusão informacional e com
isso dúvidas da população em relação a um determinado tema? Obviamente que
Matrix aborda isso de uma maneira bem mais abrangente, colocando a famosa
máxima “cogito ergo sum” (penso logo
existo), na qual aborda a própria questão da existência humana, já que em uma
suposição, poderíamos realmente sermos parte de uma simulação gerada por
computadores inteligentes o suficiente para representar nossa racionalidade em
forma de códigos binários.
Em
uma escala menor, pode-se analisar a questão do real/virtual voltada para a
informação, especialmente que na sociedade contemporânea somos bombardeados por
informações vindas de diversas partes, sem sequer sabermos a fonte. Essa
análise parte da premissa de que no último mês, devido às manifestações
ocorridas em território nacional, oriundas de uma mobilização massiva da
população nas redes sociais como Facebook e Twitter, além dos veículos
informacionais online, como diversos jornais, fomos expostos à muitas
informações de diferentes fontes, gerando um caos na internet e colocando a
própria população em dúvida sobre o que estavam protestando. Qual era a
informação correta? Em quem acreditar? O que divulgar?
Uma
das principais observações ocorridas foi a divulgação de notícias que datavam o
ano de 2011, apenas porque estavam em um contexto parecido com o atual. A
propagação em massa dessas informações acabava as tornando “reais” perante o
olhar de uma parcela da população, que frequentava as redes sociais e não
consultava a fonte dessa informação. Diversas pessoas realmente acreditavam em
fatos que sequer sabiam a legitimidade, consequentemente difundido para outras
pessoas que também passavam a acreditar.
É
justamente nesse ponto que podemos fazer uma analogia com o filme Matrix.
Muitas das informações são produzidas e manipuladas de forma a fazer a grande parcela da população acreditar que
são reais, sempre tendo algum interesse, seja ele econômico ou político. Isso
pode ser notado apenas com uma breve análise do contexto atual do país e das
redes sociais online. O que o filme representou foi basicamente o mesmo
contexto, apenas ampliado em uma escala global. As máquinas simulavam um mundo
no qual as pessoas acreditavam ser real para poderem consumir sua energia vital
e com isso continuar sua existência. Portanto, a questão continua sendo a
mesma, apenas em patamar “menor”, se é que pode-se chamar assim.
Matrix
consegue ser um filme brilhante por isso, por possuir em sua essência diversos
temas que podem ser levantados e analisados, de forma subjetiva, muitas vezes
sendo “escondidos” pelas cenas de ação e efeitos especiais. Particularmente
considero os irmãos Wachowski gênios em termos de visão de mundo, até pelo fato
de que o filme foi escrito em 1997-1999 e consegue se manter atual até hoje.
29/06/2013